terça-feira, 29 de janeiro de 2008

A chuva e os anjos

By Ricardo Neto

Era janeiro
E a infindável chuva
Não deixava brilhar
O grande sol de verão

Foi em um destes dias chuvosos
Em que ela apareceu tão bela e pura
Com seu olhar cintilante cor de folhas secas
E com seus fios dourados tão nobres quanto o ouro

Foi em um destes dias chuvosos
Em que meu coração bateu mais forte
Com a simples presença daquele anjo caído
E que no mesmo instante me deixou envolvido.

Mas mesmo sendo este anjo
Um anjo caído seria este anjo um anjo maldito?
Que de certo caiu neste mundo para capturar corações desprevenidos
E fazer destes a morada do castigo que tanto maltrata os mortais desprovidos?

De certo seria este anjo
Como todos os anjos que caem na vida de um homem?
O deixando compelido a sua graça mais pura deixando-o constrangido,
Impelindo-o ao nostálgico sentimento que alimenta o fogo de uma paixão eterna?

De certo este anjo
Era como todos os outros anjos
Que quando chega o seu momento voa e deixa para trás
Sem medo, sem pena os aprisionados nos seus sublimes encantos.

Foi neste mesmo janeiro
Em que ela chegou sem avisar
Que ela partiu repentinamente como um clarão
Me deixando sem saber, na silenciosa chuva do esquecimento.